terça-feira, 12 de maio de 2009

On the road

Estou acumulando milhas de viagem em aventuras automobilísticas (e jornalísticas) na "Metrópole Guarapuavana". Tudo começou modestamente, numa cidade chamada Pinhão, com a ajuda de um técnico em veterinária (ou médico veterinário, que me perdõe a falha), que em fevereiro me explicava como era feito o melhoramento genético do rebanho leiteiro.
É... já imaginava que aquela seria a primeira de muitas matérias com temáticas agropecuárias ao percorrer a vasta região. Mas, quando imaginaria falar sobre melhoramento genético bovino???!! Não... não cheguei a acompanhar a inseminação artificial, a extração do sêmen, etc, etc. Já seria demais. No entanto, estava eu trilhando estradas, atravessando pastagens, deixando entrevistados rubrorizados ao tentarem reunir algumas novilhas para uma foto com pouco sucesso.
Outras viagens vieram depois: estrada de terra, daquelas patroladas. Até que tive sorte, pois não peguei períodos de longa estiagem, quando o pó levanta e invade qualquer fresta do veículo. Fui parar em laranjais limítrofes a áreas alagadas por reservatórios de hidrelétricas em Candói, tendo o secretário de agricultura como guia-motorista. Tudo para entrevistar agricultores que temiam (ou ainda temem) perder parte de suas terras com a obrigatoriedade de implantar uma área de preservação ambiental. Do secretário, lembro a presteza, ao acompanhar-nos com um dos agricultores que nos deu carona em sua invencível toyota bandeirante (pasme!) com tração 4 X 4. Eram umas 10 porteiras até chegar à represa. A certa altura, o secretário seguiu viagem na carroceria para, num esforço homérico, descer e abrir cada porteira. Até chegarmos ao Salto Santiago. E continuou no retorno! Não sei se aguentou com as pernas ao final do dia. Enfim...
Também em Candói, numa outra oportunidade, cheguei a sentir o gosto de pés de soja picados por uma colheitadeira. É que a máquina já havia passado por mim e um defeito na câmera (juro, não foi culpa do fotógrafo) fez com que perdesse a imagem do trambolho vindo de frente- mostruosidade para o bicho urbano que nunca havia visto uma de perto antes. Como por encanto, iniciei corrida atrás daquela colheitadeira em busca de um ângulo. Sem manter a distância prudente, fui supreendido por tanta planta picada. Minha camisa branca ficou um tanto verde.

Bem, é muita história, nem tem como contar tudo... Viagem debaixo da mata fechada em Turvo, a um faxinal em Pinhão atrás de araucárias marcadas para caírem.

Mas, hoje, em Pinhão, pela primeira vez peguei o volante em solo lamacento!

Vale ressaltar a inexperiência do motorista. Todos os caminhos lembrados anteriormente foram feitos no assento direito. Sim, eu não dirigia. Mas, dessa vez, a aventura foi no lado esquerdo. À direita estava o Ari, auxiliar administrativo da secretaria de agricultura. Ari conhece vários agricultores- e ele também é um deles. Dessa vez, foi incubido de levar um jovem jornalista a produtores que deixaram de lado os fornos de carvão para ingressar na pecuária leiteira.

Na primeira propriedade, o acesso foi por asfalto. Entrevistei um produtor com um olho nele e o outro nas vacas, já que cheiravam e lambiam amistosamente o veículo que até ali me levou. Mucio (nome austríaco), espantava entre uma afirmação e outra.

O melhor ainda estava na segunda viagem. Havia o segundo entrevistado. Ari me aponta na rodovia os fornos de carvão. "Depois da curva tem uma entrada. É logo ali". Pergunto: "Já entro no acostamento?", imaginando que era à direita. "Ali, já passou!". "Mas tem outra ali à frente".

Estrada de terra. O chão parecia um tanto fofo. A chuva havia passado pela região há mais ou menos uma hora. Primeira curva à direita. Uma encruzilhada ali, outra aqui. O volante parece escapar. Mãos firmes, aceleração constante, esqueça o freio. Uma curva um pouco mais acentuada exige mais firmeza. O pulso dói. Essas horas, aqueles conhecimentos teóricos ou resultantes da observação momentos nos quais estava no banco direito vem à mente. Quando a situação parece difícil, vale a apelação a forças superiores.

Lição nº 1) Avalie bem o solo onde pisará. Se perceber que as chances de atolar são grandes, não prossiga! Não confie tanto no visual.

Lição nº 2) Viu poças, não pare sobre as mesmas. Tente uma trilha sem água. Se não houver trilha, passe reto, sem acelerações bruscas ou freadas.

Lição nº 3) Regra básica: não frear. Está certo que tem barro, lama, mas não vá querer andar de ladinho, dando uma de caranguejo.

Lição nº 4) Não diminua a aceleração na subida. Não queira submeter-se uma 'patinaçãozinha'.

Lição nº 5) Cuidado com possíveis britas no caminho. Já ouviu falar de pedra-sabão?

E não se irrite se o entrevistado não quiser falar sobre o assunto. Respire fundo, coloque a chave na ignição, aperte o cinto, reveja as lições e mantenha-se calmo. Afinal, está escurecendo, você percorreu só metade do trajeto e as pessoas te esperam na cidade. Também não fique nervoso se, na entrada da cidade, em pista bem plana e sólida, um caminhoneiro se ache o dono da pista, desafiando qualquer lógica matemática ou física a respeito do espaço, ocupando duas faixas ao mesmo tempo.

Ari: "Rapaz, para quem está começando, você é corajoso, hein?".
Ah, que isso! Sempre quis ser piloto de rally! Só não esperava uma iniciação tão precoce...

domingo, 3 de maio de 2009

A Via Láctea

Assisti esse filme no Canal Brasil essa noite.
Achei muito bom.
Heitor, interpretado por Marco Ricca, segue no trânsito caótico de São Paulo até a casa de Júlia (Alice Braga), sua namorada. Após uma discussão por telefone, ele mostra a inquietude diante do relacionamento, diante da possibilidade da perda.
Assistam. O filme não é novo. Foi lançado em 2007. Mas nunca tinha visto algo sobre ele.
Vai uma amostra no link:
http://www.youtube.com/watch?v=1Xn9y6G2Pvk&feature=related

Mais detalhes em:
http://www.avialactea.com.br/principal.asp