sábado, 10 de setembro de 2011

ABC

"Ouvir Fagner? Céus, meu rapaz, você quer cortar os pulsos?", poderia indagar a primeira pessoa que me visse (ou ouvisse em alto som) escutando um álbum do nosso ilustre músico, compositor e, sim, poeta.

Há poucos dias, busquei um pouquinho da obra do cara, além das "Borbulhas de Amor".

E achei essa obra, disco homônimo, de 1976.

Identifiquei-me muito com ABC. Pude perceber em 'estado de graça' que a maioria das palavras 'perambulam' em meu cotidiano.

Para os curiosos, vai a música, e um trecho de outra, Sangue e Pudins, que me levou encontrar o disco, e a famosa Sinal Fechado, faixa de abertura. E um link malandro pra baixar o álbum inteiro ao final.







https://rapidshare.com/#!download|789dt|429955925|-_Fagner_-_Raimundo_Fagner__1976_.zip|57919|R~618EAF7A20A1F634A659910B797651A3|0|0

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um ano de fidelidade

É necessário, amigos, contar-lhes o bem que a empresa NET fez ao meu cotidiano.
Sim, essa empresa pela qual sempre mostrei ingratidão! Cumpre agora demonstrar o sentimento oposto.
Pois bem! Graças à NET, desde o dia 13 de agosto (ah, número sagrado, a se meter no mundo das coincidências), não convivo mais com os danos da conectividade. Sendo mais claro, estou sem internet!
Não, não é só isso também estou sem TV a cabo. Mas, o que vem a acrescentar tal ausência em meu cotidiano?
Ora, amigo, quem nunca ficou sem internet ou TV não encontrou o sabor de poder ler calmamente um livro sem algo para desviar-lhe a atenção. De poder ouvir detalhes não descobertos daquela sinfonia de sua coleção de compositores da música clássica sem ser incomodado com a ruidosa janelinha do MSN piscando em sua frente.
Consta também dizer o incrível bem a saúde que a NET me fez. Sim, porque sem internet ou TV acabaram aquelas noites mal dormidas, horas perdidas em jogos online, nas redes sociais ou vendo aquele programa da madrugada, após o noticiário televisivo predileto. Ou seja, dormi mais e melhor! Ah, também tornei-me um homem mais produtivo no trabalho, mais disposto e menos mal humorado. Os amigos de redação não me deixarão mentir aqui.
Agora, perguntam-me o que fiz para merecer tamanha gentileza da NET?
Simples, senhores, eu mudei de endereço residencial. E a NET não muda o serviço se você tiver qualquer débito a vencer, seja com vencimento a poucos dias do pedido, seja poucos dias depois.
Como todo paciente vítima das patologias mentais, insisti no vício. Argumentei com todas as forças a tal empresa. Usei o SAC para pedir a mudança. E fui mais radical! Disse que não queria mais o serviço. Vejam só, que ingrato eu! Pois pedi para cancelar o serviço. O motivo, perguntou-me a atendente do telemarketing, após a chata gravação eletrônica masculina da empresa que lembra um filhinho de papai todo gentil nas perguntas – “Entendi! Agora, para entender melhor o que você deseja, disque 1 para.., 2 para..., e 9 para nos mandar ao raio que o parta!”.
O motivo, claro, “Estou insatisfeito com a empresa, pois o serviço foi interrompido apenas por um débito. Não fizeram a mudança de endereço”. Um mísero débito entre dezenas que já paguei. Atrasado, confesso. Mas nunca deixei de pagá-los!
Após ouvir a mesma explicação que me fora repassada anteriormente, como cliente precavido e ciente de meus desastrosos atos – leia-se assinatura de contrato- perguntei se haveria multa por rescisão contratual. “Como seu plano fidelidade foi aberto em novembro, há o prazo de um ano para fazer cancelar o serviço sem multa. Se o cancelamento ocorrer antes, o valor é proporcional ao tempo que resta de fidelidade. Como o senhor é assinante da internet... blá... blá... blá..., do pacote... blá... blá..., são R$ 120,00. O senhor quer cancelar mesmo assim?”.
Respirei fundo, com toda a força de minha contrariação: “Não! Continuarei com o serviço”.
Sim, continuarei, afinal hoje sou um homem de maior vigor atlético. Com um probleminha no carro, caminhei umas 9 quadras até o local público com sinal de internet grátis só para lhes contar essa pequena história. Abri os pulmões para receber o mais puro ar dominical de fim de tarde de inverno guarapuavano. Isso inclui uma garoa deliciosa no rosto! Ah, o ser humano e o irresistível contato com a natureza!
Mas não esquecerei o favor que a NET me fez e lhe retribuirei com a gratidão COMBO!! Em novembro, comemorarei 1 ano de matrimônio, 1 ano de FIDELIDADE. Como? Pegarei o contrato que tenho guardado em uma de minhas pastas e gritarei pela janela de modo que todos meus vizinhos ouçam: “Estou comemorando 1 ano de FIDELIDADE a esta empresa tão querida!”. Como gesto nobre de minha parte, atearei fogo ao contrato e jogarei os pedaços carbonizados aos quatro ventos! Lindo, não?
Melhor ainda. Surge-me agora a ideia de oferecer-lhe minha mais nobre refeição: o desjejum! Sim, qual momento mais sagrado que o café-da-manhã??! Vou picar o contrato e mergulhar no meu leite com ovomaltine. Comerei de colherinha. Terei as vitaminas A, B, C, todo o alfabeto de nutrientes! E nem precisarei fazer uma sopa para isso!
Assim, espero continuar a vida saudável que a NET me deu. Que assim, seja, amém!

Alguns graus de febre

O termômetro apontou a febre. Mas esse termômetro não passava de uma simples luz piscante em um painel. Não havia qualquer temperatura para conferir ou aparelho para apalpar entre os dedos. Parei, abri o capô no meio do caminho – era um simples fim de tarde de sábado, luz do sol esvaindo, no trajeto para o mercado mais distante, infeliz tentativa de economizar alguns reais. Cabeçote do motor, ok. Fluidos, ok. Para garantir, pedi ao moço do posto para me emprestar um pano ou papel para checar novamente a vareta de óleo. Ele veio prestativo e conferiu o nível. Estava exatamente no meio das indicações mínima e máxima. “Já tive um Ka também, e de vez em quando ele faz dessas. Dá uma piscadinha, mas não é nada demais. Pode ser problema do painel”.
“Humpf”... pensei. Meu Ka não é um simples Ka. É o meu Ka, ora essa! As duas únicas vezes que o painel mostrou anormalidades, não falhou! Que diabos o meu tem a ver com o dele??! Infeliz tentativa em me conformar diante de minha expressão facial fechada, garanto! Lembro bem: a primeira denúncia aconteceu quando apresentei o Trabalho de Conclusão de Curso da pós-graduação, em Ponta Grossa. Quando viajava mais cansado que aliviado pela bomba de nervosismo que fora a apresentação – decepcionante, pois éramos eu, o orientador e os avaliadores em uma claustrofóbica sala a esmiuçar aquele artigo horrível, já que o senso crítico não havia perdido àquela altura – eis que me pisca a luz do freio. Chegando em casa, no final de uma viagem de pouco mais de uns 250 quilômetros, se não me falha a falta de internet para checar a distância de Guarapuava até lá. Alcançava 1h da manhã de uma fatídica sexta-feira de fim de julho. Parei em um posto, peguei o manual do carro que carrego à porta – um amigo que é melhor nem citar já tirou sarro por consultar manuais e por tantas outras coisas que não cito para não me chamar de rancoroso – e descobri ser o freio o problema. Fazia sentido, pois a luz piscava justamente nas curvas em que cravava o pé no pedal do meio. Parei em um posto também e o experiente frentista matou a charada! É o fluido de freio. Menos mal, o que me custo uns 20 ou 30 reais a época. O frasco nem se foi inteiro... continua guardado, envolvido em uma sacola para não vazar, na porta do meu carro.
A outra vez em que piscou o painel foi no Natal do ano passado. Ah, garanto que não foi tão tranqüilo quanto na primeira. Eu tinha o carro há mais de 9 meses – era meu filho, e dando trabalho – e vazava óleo. Não sabia de onde. Meu avô, caminhoneiro em décadas passadas, não sabia de onde saía aquele vazamento. Compreensível, pois devia dirigir Alfa Romeos, Fiats, Mercedes-Benz onde tudo era muito simples, não um pequeno carro de rua cheio de eletrônica e até direção hidráulica. Após chamar o amigo de igreja, que apesar da imensa boa vontade, não soube identificar o problema, voltei com suas bênçãos e preocupações para Alto Piquiri – lhe trazia a Umuarama numa viagem de 40 km, onde passou a data com outros familiares meus. Parei no trevo, liguei do celular de minha tia que me fazia companhia na viagem ao meu pai informando o infortúnio: “acendeu a luz do aquecimento. Daqui, não saio, só um guincho me tira”. Para ser franco, não foi bem com essas palavras. Mas o sentido é o mesmo, fica o gracejo.
Mas, e aí, o que aconteceu? Após 40 km cuidando do meu rebento de lata e plástico amarrado em cabos de aço, chacoalhando-se longe das minhas mãos, fui saber que era uma mangueira arrebentada. Mais um dia e um mecânico tira uma peça de aço, o tal do coxim, arrebentado. O motivo? O que mais haveria de ser, senão estradas esburacadas para quebrar uma peça de aço, bem na junção de parafusos?
Uma coisa é preciso ser dita. Meu carro há meses faz ruídos. E sabe por quê? Por culpa de governantes inescrupulosos! Se caio na estrada, caio nos buracos. Se caio na cidade, caio de novo nos buracos!Diga-me, que equipamento por mais conservado e cuidado que seja resiste a um enredo lunar como esses? Nunca fui de gostar de queijos suíços, quanto mais em asfalto! Cabe dizer que moro em Guarapuava e que uso o carro para viagens de Ivaiporã a Umuarama/Alto Piquiri. Passo por cidades como Quinta do Sol (para não dizer os quintos de alguma coisa menos apreciável).
Mas todo esse rodeio para voltar ao termômetro. Voltei à rua e nada mais se apresentou. Fiz as compras e dei um bom intervalo para resfriar o motor. Só que não bastou 10 minutos de quarta marcha para esquentar de novo. No estacionamento de outro mercado – aqui em Guarapuava não se consegue fazer uma compra completa em um lugar só, pois os preços divergem e tuas preferências nunca são atendidas – notei o barulho da ventoinha. Sim! É aquela peça tal qual um ventilador que resfria o motor. Aquilo não parava de funcionar. Só quando eu tirava a chave da ignição.
No fim, voltei para casa sem saber qual o mal acometia o pequeno “Johnmóvel’. Reconheço o patético apelido que dei, não fosse o carinho que sinto pelo primeiro bólido 1.0 que tenho em mãos. O primeiro de todos – nem se virão outros, porém aperta o coração ter de passá-lo a frente mais alguns meses, logo ele, com o qual sorri em felicidade passageira, chorei em momentos tristes, suspirei em amores, descobri pessoas e lugares desconhecidos, passei calor, frio, enfrentei chuvas, neblinas densas, curvas sinuosas. Se pudesse, o colocaria em um museu particular de coisas que resistem ao tempo. É... Dói saber que terei de levá-lo ao médico. De novo! Não lhe bastavam os freio ruidosos, o rolamento arrebentado pela querida gestão pública de ruas e estradas.
Pior é não saber do que se trata. A febre parece daquelas de gripe passageira. O menino está andando muito bem na rua, com as mesmas linhas arredondadas a la Niemeyer – quanta pretensão de minha parte! A Ford vai me dar comissão agora – o mesmo ronco bravo de motor novo, o tamanho pequenino, tão bem adaptado aos pequenos espaços de nossas cidades. Que delícia irresistível é estacionar meu pequeno frente a uma dessas banheiras de traseiras afinas ou empinadas, gastonas dos guarapuavanos – créative technologie – bah!
Espero que seja apenas uma pecinha de nada a botar meu pequeno em febre... Mas, é engraçado, infeliz leitor desse mal escrito, como personificamos um monte de aço, plástico e fluidos. Maldita miséria de nossas coisas pequenas!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Da chuva ao exílio

Chove lá fora, e forte. Mas a água que sinto está perto.
É a água onde pairo, flutuante, observando paisagens.
Belezas não desbravadas ou pouco conhecidas.
Água de tristeza que corre incessante,
Por somente observar nascer e pôr do sol.
De só ver e nada fazer, sem pé na estrada, sem se mover.
De só enxergar os limites de si, distância do outro.
Falta não temer, venha o que vier, venha quem vier.
Liberdade é sair do domínio da melancolia.
Quebrar a máscara carrancuda da repetição.
Dizer, falar, gritar!
Infinitas possibilidades...
Isso, liberdade!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pelo Universo

Céus, libertai-me de minha natureza material,
Dilua sons de cítara pelo universo,
Leve cheiros de rosa pelo ar,
Mande brilho azul de uma galáxia distante.



P.S.: Antes que alguém fale "Mas a música é violão...". Digo: "E daí?!"