Essa época do ano, férias para muitos, trabalho para poucos, me leva a pensar um bocado sobre o tempo. Basta entrar dezembro para que todos entrem numa euforia louca para que acabe mais um ciclo de 365 dias (ou 366, caso do nosso bissexto 2008, que levou até o Big Ben a atrasar 1 segundo - dizem que é porque a Terra não é tão precisa quanto os nossos relógios atômicos... que fina ironia! Não há cálculo preciso que desafie a natureza).
O velho enredo: todos correm para sacar seus salários, para comprarem seus presentes, para ajeitar o carro, para comprarem a passagem do ônibus, para não o perderem e até para não deixar de 'viver' a tradicional meia-noite. Troca a roupa, pega a champanhe, corre para ver a chuva de fogos (cansa só de pensar!).
Tudo para depois das doze badaladas do dia 31 de dezembro pensarmos: "Puxa vida, quanto esforço para viver apenas alguns minutos!". Fica a experiência máxima do sabor extraído dos ponteiros. Tic, tac, tic, tac! Blém, blém, blém... E cá estou cometendo um anacronismo. Que ponteiros? Ora, temos os dígitos.
Engraçado tudo isso.
Às vezes penso que este tal de tempo é uma entidade pronta a me devorar. E de repente pinta aquela cena de Cronos na mitologia grega (Saturno, para os romanos) devorando seus filhos, com medo de ser destronado por eles. Corro para não chegar atrasado, torço para que passe mais devagar ou então que simplesmente passe! Ufa! Ave, Cronos!
Mas o bom mesmo é poder aproveitar o tempo e fazer o que quiser! Deleitar-se nas linhas de um livro até o fim (quanto tempo não faço isso). Ouvir um disco inteiro sem se dar conta. Ver um filme. Viver momentos com amigos ou pessoas especiais. Ter a capacidade de rir de nós mesmos. Pronto! Até que o tempo não é tão carrancudo como pintam.
De repente, leio que em Roma havia as Saturnálias, em honra ao próprio Saturno. Em uma festa celebrada em dezembro, os escravos davam as ordens aos senhores. Faz sentido. Teríamos uma momentânea compensação àqueles que labutavam no campo, já que lá este deus era vinculado à agricultura. Parecido com o que vivemos, não? Hoje temos o 13º salário, os presentes, as férias... Afinal, temos que ter um alguma recompensa.
Mas celebremos o tempo, que é a melhor forma de vivê-lo. Vamos aproveitá-lo com prazer e vivê-lo intensamente.
E que todos tenham um feliz 2009!