De repente, cansou-se! Não quer mais sentir a areia. Grãos finos unidos em fortes rajadas. Por muito tempo, linhas desconexas levantaram-se do solo fino, até juntarem-se todas. A tempestade durou horas. Ou foram dias? Meses, talvez. O tempo dilatou-se em material espesso, a colidir sobre o corpo. O uivo do vento abafava o único som que poderia vir na paisagem deserta. Batidas de coração céleres. Medo. Buscava o mar. Não encontrava. Olhos irritados e cerrados, pés centímetros sob chão fofo. Até que sentiu-lhes. Ampliou os sentidos. Moveu-se até conseguir se desfazer da terra pesada. Veio o choque. A água bateu forte! Escorreu a terra na pele. Mais! molhou o rosto e atirou-se à primeira onda. Densa e forte. Acostumou-se ao frio das correntes líquidas. Retornou à superfície. No rastro do sol cadente, azul escuro. Imensidão. A lua cheia corta o céu. Encontro com a penumbra. Sombra de nós mesmos. Procura o amanhecer. Labirinto cósmico da alma.
Ônibus 4010-32 (cont.)
Há 4 meses
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