Há pessoas com quem você não se consegue desligar. São tantas coisas vividas juntos que o tempo vira mera arbitrariedade, convenção tão pequena, ínfima... Ah, régua humana limitada! Fica um elo tão forte que a tentativa de negá-lo, mesmo que a toda força, torna-se a maior das brigas. É conflito tempestuoso, doloroso, porque saltam canhões a apontar contra... si mesmo. A tentativa de preencher o vazio deixado vira uma batalha injusta com aquilo que se sente. Porque fica a ânsia pelo arroubo, o impulso de vida vindo daquela energia que circulava até há pouco tempo. A essência ainda está ali, impregnada em você, em algum lugar que não consegue explicar, por mais que vasculhe os cantos da alma. Mas, como em um teatro shakesperiano, afloram os dramas humanos, em dúvidas, incertezas. E se há trilha sonora, violinos abrem uma sinfonia em tom agudo, num lamento entrecortado por flautas, clarinetes, trompas e trombones. Os instrumentos somam-se nessa orquestra descontrolada, formando um tutti, que retoma o agudo dos violinos ao final. A vontade é de mudar a sinfonia ou a peça, mas se percebe que nem tudo é tão simples. Fica o desejo de algo sem fim, com um perfume de rosas a cobrir e resgatar a força de momentos felizes. Em cena, pétalas se juntam num mosaico imenso, sem que se consiga ver o horizonte, celebrando o encontro. Que desse impulso imaginativo elas se materializem e o vento as carregue por léguas, nem que sobre ao menos uma delas...
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