Tem se tornado chato ultimamente falar de fuga de presos na província em que vivo.
Nos últimos 3 meses, 3 fugas da cadeia.
E se for contar as tentativas que os policiais acabam frustrando, a estatística já aumenta um pouco.
E olha que estava tudo tranquilo. Quando já se passava reto do fim da folha de julho para o início da de setembro, eis que surge outro episódio.
E lá vem as perguntas que estou cansado de fazer, a velha procura por novos caminhos pra tratar o assunto, que quase chegam as mesmas respostas... superlotação, falta de vagas, escassos funcionários.
Mas, por obra do acaso, encontrei esse texto do Rubem Alves que brinca com tema semelhante.
- Sugestão prática para resolver nosso problema penitenciário: Leio que o “Bóris“, criminoso da quadrilha do Andinho, fugiu da penitenciária. Parece que os criminosos fogem das penitenciárias quando querem. É claro que é preciso pôr um fim a esse estado de coisas. Aí eu tive uma idéia brilhante: é normal que os governos estabeleçam convênios de cooperação: um ajuda o outro. Acontece que a penitenciaria de Alcatraz, a mais famosa de todas, foi desativada. Ela está localizada num local aprazível, charmoso, cobiçado por turistas, uma ilha na baía de S. Francisco com vista para a Golden Gate Bridge, se não me engano. Pensei: que desperdício! Aquela fortaleza magnífica, vazia. Aí pensei que o governo brasileiro poderia fazer um convênio com o governo Bush: em troca da nossa cooperação no combate ao terrorismo, o governo americano nos alugaria Alcatraz, para o combate ao crime. Nada mais prático. Pois é certo que os criminosos se sentiriam felizes por estar num lugar tão privilegiado, tão famoso. Não quereriam fugir. Viveriam a gozar as delícias daquele condomínio cercado por mar e poderiam se dedicar a atividades que eventualmente comoveriam o seu coração e os tornariam sábios e ordeiros... É preciso notar, também, que sobre aquela região paira a possibilidade de um terremoto gigantesco que levaria tudo para o fundo do oceano.
Rubem Alves. "Quarto de Badulaques (VIII)". Correio Popular, 31 de março de 2002.
Ônibus 4010-32 (cont.)
Há 4 meses